De acordo com a Forbes, mais de 70% das organizações que fazem parte da Fortune 500 contam com projetos de mentoria. O motivo para tanto?
A mentoria proporciona uma relação benéfica às partes envolvidas. Para a empresa, a cultura, os valores e o know-how técnico saem fortalecidos quando os novatos ganham apoio de funcionários mais experientes. Do outro lado, os novos colaboradores têm maior proximidade com alguém para tirar dúvidas e passam a se sentir mais integrados ao ambiente.
Entretanto, para que a mentoria seja relevante e não se torne burocrática, é preciso desenvolver programas que sejam adequados aos objetivos de uma companhia e estejam de acordo com as expectativas dos funcionários. Para isso, em boa parte das vezes, a mudança se torna uma constante, adequando-se à realidade do momento.
Como diversas empresas têm transformado sua realidade a partir da mentoria? Quais as estratégias para criar o programa mais adequado? Essas perguntas e algumas outras serão respondidas ao longo do texto.
Por que apostar em programas de mentoria?
Um estudo da Harvard Business Review entrevistou diversos chairmen e CEOs que participaram de suas mentorias . A publicação trouxe insights interessantes para qualquer negócio e provou que CEOs também podem tirar proveito da mentoria:
- 84% dos CEOs afirmaram que seus mentores foram essenciais para que eles evitassem erros custosos ao seu negócio. Além disso, também puderam tomar decisões lucrativas com mais agilidade a partir dos aprendizados adquiridos;
- 76% dos entrevistados disseram ser mais capazes de atender às expectativas dos stakeholders.
Agora, quanto a reter talentos e, sobretudo, os millennials, a mentoria também se mostra essencial a este objetivo. O estudo da Deloitte, Millennial Survey, indicou que 81% dos jovens que ficam mais de cinco anos em uma empresa contaram com algum tipo de mentoria e puderam desenvolver melhor suas habilidades.
Como criar um programa de mentoria?
Tendo em vista esses números, faz todo o sentido construir um programa que empodere os colaboradores. Entretanto, mais do que pressa nessa criação, é necessário fazer algumas reflexões:
Qual é o objetivo de sua empresa com a mentoria?
O programa deve ser construído a partir das necessidades detectadas, como a retenção de talentos ou o desenvolvimento de lideranças. Nada impede que a empresa possa ter mais de um projeto, mas cada um deles deve ter sua estrutura própria. Por exemplo:
- mentoria para que funcionários recém-chegados possam ter mais conhecimento sobre os valores, as estratégias de negócio, saibam utilizar as ferramentas da melhor forma e contem com uma ajuda mais próxima e até informal sempre que houver dúvidas;
- mentoria reversa destinada a colaboradores mais experientes. Aqui, um funcionário júnior pode ensinar sobre novos softwares, abordagens com millennials e até conversar sobre diferenças culturais, aproximando as gerações.
Como as organizações concorrentes têm atuado?
Fazer benchmarking no mercado em que se atua é essencial para não perder em relevância. Entenda quais são os programas de outros players e questione internamente como tem sido a atuação de sua empresa.
Muitas vezes, a mentoria vai além de um simples programa e deve estar imbuída na cultura. Por exemplo, firmas que prezam a individualidade e a competição entre os funcionários precisam mais do que um programa e, sim, de novos valores que encorajem o aprendizado no dia a dia.
O ambiente permite a integração?
Espaços sérios e que isolam os funcionários não são os mais indicados para a integração entre todos e mostrar aos mentorados que existe receptividade. Por isso, pensar em escritórios que facilitem a interação é um ponto essencial a se considerar.
Espaços com sofás, mesas sem divisão e design criativo permitem uma verdadeira revolução na rotina de uma companhia, fazendo com que o individualismo ceda lugar ao espírito coletivo.
Quais são os colaboradores mais indicados para a mentoria?
Não importa qual seja o objetivo do programa, os organizadores precisam prestar atenção a algumas características que são essenciais a todos os participantes, como:
- identificação com os valores e a cultura da empresa;
- boas habilidades para se comunicar;
- didática, responsabilidade e paciência para ensinar;
- abertura em receber e dar feedbacks;
- conhecimento e know-how suficientes para serem repassados.
Existem programas para o desenvolvimento do mentor também?
Um mentor pode oferecer ajuda, inspiração e críticas construtivas ao mentorado. Entretanto, nem sempre essas pessoas estão prontas para ajudar no desenvolvimento de outros funcionários. Assim, é essencial treiná-los antes de o programa de mentoria começar. Ensinar a passar feedbacks adequados e desenvolver habilidades de liderança e gestão são necessidades primárias que vão impactar positivamente na aprendizagem profissional.
Como algumas empresas têm conquistado bons resultados a partir de mentorias?
De programas de ensino voluntário em escolas espalhadas pelo mundo a desenvolvimento de lideranças globais. Os programas de mentoria podem ser múltiplos. Veja alguns cases que têm dado certo!
Puma
A ideia do programa da Puma é dar oportunidades para que os colaboradores cresçam globalmente, apostando na metodologia 70:20:10 ou learning model. Já no onboarding, há diferentes programas para que o funcionário se encontre da melhor maneira, inclusive oferecendo ajuda quando o trabalho envolve mudança de cidade ou país.
Também há o projeto de desenvolvimento de líderes para aperfeiçoar habilidades e conhecimentos necessários para gerenciar uma equipe. Nele, estão inclusos ensino interativo, simulações de papéis e aprendizado de melhores práticas e projetos colaborativos.
IBM
A IBM conta com programas de mentoria interna e também externa. Neste último, o IBM MentorPlace, a empresa atua em mais de 35 países, com cerca de 60 mil funcionários voluntários para ensinar alunos de oito a 17 anos, além de dar dicas de carreira.
Quanto à mentoria interna, o principal cuidado é dar a cada mentorado as informações necessárias para o seu desenvolvimento. Ou seja, a IBM vai além de um programa padrão. “A orientação que compartilho com meus três mentorados é exclusivamente diferente. Mesmo porque, são todos indivíduos, em diferentes funções e com diferentes responsabilidades”, explica Michael J Martin, executivo sênior da empresa.
Slack
A Slack, companhia que cria sistemas diversos de automação, tem um programa de estágio de 12 semanas cujo objetivo é permitir que universitários experimentem o trabalho e a vida na firma, ao mesmo tempo em que recrutam novos talentos.
Durante essas semanas, os estagiários começam a trabalhar em atividades específicas e fazem diversas reuniões com líderes e executivos da empresa. São observadas características como proatividade, aceitação de feedbacks e habilidades de liderança e autonomia.
O tempo todo, os alunos contam com o apoio de um gerente da Slack e de um mentor. Os universitários que se destacam recebem uma oferta de trabalho, podendo retornar à empresa assim que se formarem.
Um programa de mentoria traz diversas vantagens competitivas, seja reforçando os valores da empresa, trocando conhecimento ou trazendo e retendo novos talentos. O fundamental é pensar no projeto passo a passo e aperfeiçoá-lo a cada novo insight.
As mentorias são ótimos atrativos para atrair profissionais gabaritados, mas não são definitivos. Se você está considerando contratar executivos, a cultura da empresa e o cuidado com os funcionários também são elementares para contratar e reter talentos únicos.